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Ginga com tapioca: um patrimônio cultural imaterial para os vendedores do mercado da praia da redinha-rn.

GINGA COM TAPIOCA- foto: Adamires Silva

         

            A ginga com tapioca é uma comida muito apreciada pela população da Praia da Redinha, em Natal, no Rio Grande do Norte (Brasil), podendo ser encontrada em outras praias. É um prato composto com ginga frita num palito de palha de coqueiro e tapioca de mandioca com coco.

 

             A ginga ou “manjuba” é um peixe bem pequeno de água salgada. O modo de fazer é bem simples, temperar os peixinhos com sal, fritá-los com óleo de soja e/ou azeite de dendê, espetá-los num palitinho da palha do coqueiro. A tapioca é feita de goma de mandioca peneirada, sendo feita espalhando-se a massa numa frigideira aquecida até ela unisse-se com o coco ralado, após pronta a tapioca é molhada com leite de coco. Todos os ingredientes (peixe, goma de mandioca e coco) são encontrados na região e são muitos usados na cozinha potiguar e de outras regiões do Nordeste brasileiro.

VISTA DO MERCADO DA REDINHA (Foto: Jadson Carvalho/Agência Fotec)

             A Praia da Redinha está localizada no litoral norte de Natal, mais precisamente as margens do Rio Potengi, no bairro do mesmo nome. Este bairro surgiu a partir de uma antiga vila de pescadores, onde até hoje uma parte da sua população é formada por pescadores, a pesca e a comercialização do pescado é uma das principais atividades comercial para os moradores desse bairro. As atrações principais são o velho Mercado Público, a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, construída com pedras retiradas dos arrecifes, e o Aquário Natal, além da ponte Newton Navarro.

 

                O hábito de se comer esse peixe denominado ginga com a tapioca teve início quando os pescadores iam pescar e os peixes denominados ginga vinham nas suas redes, o qual era comercializado dentro da comunidade e muitas vezes pelas próprias mulheres desses pescadores, junto com a tapioca.

 

 

              Quanto às origens do prato Dona Ivanize Januário, 60 anos, uma das mulheres que vendem ginga com tapioca no Mercado Público da Redinha, fala que seus pais Geraldo Preto e Dona Dalila, foram os pioneiros na preparação da ginga com tapioca. Hoje ela dá continuidade a esse saber-fazer herdado dos seus pais. Dona Dalila, que morreu com 68 anos em 1990, começou a preparar a comida entre os anos 50 e 60. "Minha mãe criou os filhos fritando ginga com tapioca", diz Ivanize, lembrando que no início essa iguaria era muito solicitada pelos natalenses que iam veranear na Redinha.

 

               A moradora e vendedora da iguaria, Marta da Silva Barros, de 50 anos, que trabalha há 30 anos no Mercado da Redinha, falou que o seu pai era o administrador do Mercado da Redinha e que sua mãe já trabalhava com a ginga com tapioca e foi assim que ela veio também a trabalhar com esta iguaria, tendo seu próprio Box no Mercado.

 

          Para os vendedores do Mercado Público da Redinha, a ginga com tapioca é considerada como patrimônio cultural imaterial, pois é um prato gastronômico valorizado e conservado pela população que vive lá, trazendo consigo as técnicas de seus antepassados, e assim, repassando também para a nova geração.

 

          Nesse sentido, se torna relevante para esse texto e a sua publicação neste blog, compreender essa tradição voltada para uma comida denominada ginga com tapioca pelos vendedores e moradores da comunidade da Redinha, um prato típico potiguar relacionando como patrimônio cultural imaterial.

 

             A salvaguarda desse fazer e a sua cultura quase perdida na nossa região, de um prato típico da nossa cidade tornando-o importante identificá-lo como um patrimônio cultural imaterial da nossa cidade do Natal. Com essa pesquisa podemos concluir que a ginga com tapioca faz parte da cultura do nosso estado que vem sendo passada de geração em geração, sendo de grande importância a preservação dessa prática não só para os moradores e vendedores do Mercado da Redinha, mas para toda a população, identificando assim a ginga com tapioca um patrimônio cultural imaterial.

GINGA COM TAPIOCA: Foto: blog Viver Natal

BOX NO MERCADO DA REDINHA- foto: Ligian Batista

Autora: Viviane Bezerra

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